terça-feira, 12 de junho de 2012

Hidrocefalia


     
            Hidrocefalia é uma doença onde ocorre o acúmulo anormal de líquido cefalo-raquidiano no cérebro. O líquor ou liquido céfalo-raquidiano (LCR), age como uma espécie de amortecedor protegendo o cérebro e o sistema nervoso central contra traumas provocados por golpes e movimentos bruscos, além de atuar como uma espécie de sistema de transporte. Ele circula entre os ventrículos (cavidades no interior do cérebro) e o espaço existente entre o cérebro e as capas que o rodeiam, equilibrando os nutrientes necessários ao bom funcionamento do sistema nervoso central e levando as substâncias descartáveis para o sangue eliminar. Na hidrocefalia ocorre um desequilíbrio na produção deste líquido, que por sua vez se acumula e provoca o aumento da pressão intracraniana, que acaba comprimindo o cérebro, podendo vir a causar lesões no tecido cerebral e aumento do inchaço do cérebro. 



Na foto da esquerda, um feto normal. Na da direta um feto com hidrocefalia.


            As hidrocefalias podem ocorrer na vida intra-uterina (hidrocefalias congênitas) ou podem ser adquiridas ao longo da infância ou fase adulta por uma diversidade de causas, como:
- obstrução da passagem do liquor
- prematuridade do bebê
- cistos
- tumores
- traumas
- infecções (Caxumba, Citomegalovirus, Hepatite, Poliomielite, Toxoplasmose, Varicela, Varíola)
- malformação do sistema nervoso (mielomeningocele).
- em casos raros, a causa é o aumento da produção do líquido em vez de obstrução. 





            
            A Hidrocefalia é classificada conforme a causa:
- Obstrutiva (Não-comunicante): causada por bloqueio no sistema ventricular do cérebro, impedindo que o líquido cérebro-espinhal flua devidamente pelo cérebro e a medula espinhal (Espaço subaracnóideo). A obstrução pode apresentar no nascimento ou após. Um dos tipos mais comuns é a estenose do aqueduto, que acontece por causa de um estreitamento do aqueduto de Sylvius.

- Não-obstrutiva (Comunicante): resultado de déficit da absorção ou aumento da produção do líquor . Sendo mais comuns nos sangramentos no espaço subaracnóideo. Pode estar presente ao nascimento ou podem acontecer depois.

- Pressão Normal: é um tipo de hidrocefalia adquirida comunicante no qual os ventrículos estão aumentados, porém não ocorre aumento da pressão,sendo mais comum em idosos. Podendo ser resultado de trauma ou doença, mas as causas ainda não são bem descritas.
            Os sintomas desta doença em recém-nascidos ou crianças pequenas, pode ser os seguintes:
- irritabilidade
- letargia, ou seja, sonolência excessiva
- apnéias ou paradas respiratórias
- alteração do formato do crânio, cabeça grande ou que cresce rapidamente
- fontanela anterior dilatada, ou seja, “moleira” aberta, abaulada e tensa
- dificuldade para andar, desequilíbrio
- atraso do desenvolvimento neuropsicomotor
- olhar do sol poente ( olhar para cima)
            Já em crianças mais velhas e adultos, os sintomas incluem:
- dor de cabeça
- vômitos (na maioria deles em jato)
- dificuldade para enxergar
- letargia ou sonolência excessiva
            A hidrocefalia pode evoluir de forma lenta e ir prejudicando o cérebro aos poucos, com isso a pessoa pode sofrer problemas de aprendizagem, de concentração, de raciocínio lógico, de memória de curto prazo, problemas de coordenação, de organização, dificuldades de localização têmporo-espacial, de motivação, ou dificuldades na visão.             Em idosos existe uma doença que se chama Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN), nestes casos, os pacientes geralmente desenvolvem dificuldade para caminhar, incontinência urinária (perdem urina na roupa) e deficiência cognitiva, caracterizada principalmente pela perda de memória. Ex: sindrome de Hakin-Adams.
            Para fazer o diagnostico o especialista faz uma análise dos sinais e sintomas apresentados. Alguns dados do exame neurológico podem comprovar a suspeita, mas geralmente são necessários exames complementares para a confirmação: ultra-som transfontanelar, tomografia e ressonância magnética do crânio. O ultra-som ainda tem sido o meio mais eficaz e rápido de diagnosticar precocemente a hidrocefalia no período gestacional, podendo ainda serem utilizados tomografias computadorizadas e ressonância nuclear magnética que permitem delimitar as áreas afetadas com precisão. 



            A importância de um diagnóstico precoce se faz pelo fato de quanto antes se tomar as devidas providências e iniciar o tratamento melhores serão as chances do paciente e menor possibilidade de sequelas.
            Não há modo conhecido para prevenir ou curar a Hidrocefalia. Atualmente, o tratamento mais eficaz é a inserção cirúrgica de uma válvula para se retirar o excesso de líquido de dentro do sistema ventricular. Um catéter, que é um tubo flexível colocado no sistema ventricular do cérebro, direciona o fluxo de fluído cérebro espinhal para outra parte do corpo, normalmente a cavidade abdominal ou uma câmara do coração, onde ele é absorvido. A válvula conjugada ao catéter mantém o fluído cérebro espinhal numa pressão normal dentro dos ventrículos. Este procedimento é executado por um neurocirurgião. 



            Em casos especiais , pode ser realizada uma cirurgia chamada de terceiroventriculostomia. Nesta técnica, produz-se um orifício no assoalho do ventrículo que fica na parte inferior do cérebro. Assim, o excesso de líquido encontrará uma saída alternativa, fazendo baixar a pressão intracraniana sem o uso de válvulas.




                            Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião (CRM 15844)
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir 
(45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu

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