segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Síndrome do Pânico

         
" De repente, eu senti uma terrível onda de medo, sem nenhum motivo. Meu coração disparou, tive dor no peito e dificuldade para respirar. Pensei que fosse morrer. " (Depoimento de um paciente que sofre de Síndrome do Pânico)

              A "Síndrome do Pânico" ou “Transtorno do Pânico” é um quadro clínico de transtorno psicológico, que faz com que o indivíduo tenha ataques de pânico inesperados e intensos, sem que haja um estímulo disparador compatível com a intensidade das crises. O indivíduo vive uma variedade de experiências intensas, desprazeirosas e estranhas, sem que consiga identificar, a princípio, o que as desencadeou. 

              A característica principal desta patologia são crises de ansiedade agudas, caracterizadas pela súbita, inesperada e freqüentemente avassaladora sensação de terror e apreensão, acompanhada de sintomas somáticos em muitos órgãos e sistemas, como falta de ar, palpitações e sensação de desfalecimento. Um desequilíbrio na produção dos neurotransmissores (serotonina e a noradrenalina) que formam o sistema de alerta normal do organismo e que prepara o mesmo para uma ameaça ou perigo, tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. 

             Os sinais e sintomas de uma crise de pânico são semelhantes aos que ocorrem durante um esforço físico intenso ou numa situação de risco de vida. Consistem em períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito e acompanhados por uma sensação de fobia iminente (medo de tudo ou de algo específico, como atravessar a rua ou tomar um elevador, etc). Neste estágio, diz-se que a pessoa tem transtorno do pânico com agarofobia. A freqüência das crises varia de pessoa para pessoa e sua duração é variável, geralmente durando alguns minutos. 

                          
 

             No geral, as crises de pânico apresentam pelo menos quatro dos seguintes sintomas: Tensão muscular, taquicardia, dificuldade de respirar, dor no peito, formigamento, tontura, tremores, náusea, desconforto abdominal, calafrios, ondas de calor, visão embaçada, boca seca, dificuldade de engolir, sensação de irrealidade, despersonalização, terror (sensação de que algo terrível está para acontecer), vertigens, sensação de debilidade, medo de perder o controle, medo de morrer. Há crises de pânico mais completas e outras menores, com poucos sintomas.

             Geralmente as crises de pânico se iniciam com o disparo de uma reação inicial de ansiedade, que logo ativa um medo em relação às reações que começam a ocorrer no corpo. Durante a crise, surgem na mente da pessoa uma série de interpretações negativas sobre o que está ocorrendo, sendo muito comuns quatro tipos de pensamentos catastróficos: de que a pessoa está perdendo o controle, que vai desmaiar, que está enlouquecendo ou que vai morrer. 

                                                    
             Depois de ter uma crise de pânico, por exemplo, enquanto dirige, fazendo compras em uma loja lotada ou dentro de um elevador, a pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las. Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir proporções tais, que a pessoa com o transtorno do pânico pode se tornar incapaz de dirigir ou mesmo pôr o pé fora de casa. Desta forma, o distúrbio do pânico pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma pessoa como outras doenças mais graves, a menos que ela receba tratamento eficaz e seja compreendida pelos demais. 

             No intervalo entre as crises a pessoa costuma viver na expectativa de ter uma nova crise. Este processo, denominado ansiedade antecipatória, leva muitas pessoas a evitarem certas situações e a restringirem suas vidas. 


                                               
             A síndrome do pânico costuma acontecer no início da vida adulta, tem maior incidencia em mulheres (ocorre duas vezes mais) e aparece devido às seguintes condições:
- Psicológicas (mais comuns): Reação a uma fase de Stress e situação difícil, como pressões no trabalho, no casamento, na família, ou também a uma experiência traumática, como assalto, seqüestro, acidentes ou doença grave. Essa forma mais específica de distúrbio de ansiedade se chama Transtorno de Stress Pós Traumático.
- Físicas: Consumo de alguns medicamentos (principalmente anfetaminas), drogas (cocaína, maconha, crack, ecstasy) e abuso de álcool.
- Genéticas: Antecedentes familiares de pânico, depressão, TOC (transtorno obsessivo compulsivo, TAG (transtorno de ansiedade generalizada), TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), etc. Atenção: predisposição genética não quer dizer hereditariedade. Ou seja, Pânico não passa de pai para filho.

* Um único episódio de crise de ansiedade não caracteriza a síndrome do pânico, mas crises repetidas levam ao desenvolvimento do transtorno.

             Existe uma variedade de tratamentos para esta doença, mas o mais importante neste aspecto é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser feito através de medicamentos seguros (antidepressivos e ansiolíticos) e que não produzam risco de dependência física dos pacientes. Numa segunda etapa prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de uma maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse objetivo. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação. O paciente começa a melhorar entre duas e quatro semanas, mas geralmente leva um ano para se recuperar. Raramente há cura espontânea e, apesar de muitas pessoas ainda colocarem em xeque a relevância de complicações psicológicas, a síndrome do pânico deve ser tratada como doença.

             Em adição, pessoas com transtorno do pânico podem precisar de tratamento para outros problemas emocionais. A depressão geralmente está associada ao transtorno do pânico, assim como pode haver alcoolismo, ao uso de outras drogas e ate mesmo a tentativas de suicídio. 

             O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao engajamento do paciente com o mesmo. É importante que o paciente entenda todas as peculiaridades envolvidas por este mal e que queira fazer uma boa "aliança terapêutica" com seu médico, no sentido de juntos superarem todas as adversidades que poderão surgir na busca do seu equilíbrio pessoal.


Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
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