quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Alcoolismo



            É o consumo excessivo e prolongado do álcool ocasionado por um vício de ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, chegando ao ponto de interferir na vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa e levando até mesmo à morte. Os hábitos de consumo do álcool diferem sensivelmente entre homens e mulheres, mas os homens consomem mais. No Brasil os índices de alcoolistas variam, mas os estudos indicam que a média está em torno de 3 a 6% da população, sendo cerca de 5 vezes mais comum em homens de 30 à 49 anos. No entanto, a idade de início do consumo é cada vez mais precoce e assiste-se ao aumento do consumo nos jovens e nas mulheres. 

            Apesar do abuso do álcool ser um pré-requisito para o que é definido como alcoolismo, para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício. Existem  variantes do alcoolismo e para que se possa diferenciar consumo de dependência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou os consumos de álcool em:
- Consumo de risco: consumo que pode vir a implicar dano físico ou mental se esse consumo persistir.
- Consumo nocivo: consumo que causa danos à saúde, quer físicos quer mentais. Todavia não satisfaz os critérios de dependência.
- Dependência: padrão de consumo constituído por um conjunto de aspectos clínicos e comportamentais que podem desenvolver-se após repetido uso de álcool, como desejo intenso de consumir bebidas alcoólicas; descontrole sobre o seu uso; continuação dos consumos apesar das consequências; uma grande importância dada em consumir as bebidas quando se deveria priorizar outras atividades e obrigações; aumento da tolerância ao álcool (necessidade de quantidades crescentes da substância para atingir o efeito desejado ou uma diminuição acentuada do efeito com a utilização da mesma quantidade) e sintomas de privação quando o consumo é descontinuado.



            Com exceção do tabagismo, o alcoolismo é um dos problemas mundias que mais traz custos para os países do mundo inteiro do que todos os problemas de consumo de droga combinados. É uma doença que pode prejudicar não somente a pessoa que o consome, pois muitas vezes pode originar comportamentos violentos. Existem alguns fatores que geralmente contribuem para que uma pessoa consuma álcool e consequentemente este uso se transforme em alcoolismo. Entre estes fatores estão o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde emocional e psíquica, e a predisposição genética. Listamos alguns dos motivos que podem levar uma pessoa que consuma esta droga ao alcoolismo:
- História familiar relacionada com o alcoolismo;
- Ambiente sociocultural. A integração em famílias ou em meios sociais propensos ao consumo de álcool (ter de frequentar festas, reuniões sociais, etc.);
- Situações imprevisíveis de rotura na vida quotidiana;
- Distúrbios emocionais – pessoas deprimidas ou ansiosas;
- Conflitos entre os pais, divórcio, separação ou abandono;
- Dificuldades de adaptação;
- Necessidade de álcool para aceitar a realidade;
- Tendência a fugir às responsabilidades;
- O individuo sofre de angústia, é agressivo resiste mal às frustrações e às tensões

- O nível de consciência tende a levá-lo a uma conduta impulsiva;
- Negligência perante a família;
- Frequentes perdas de emprego;

- Problemas financeiros;
- Agressividade perante a sociedade;
- Dificuldade em colaborar com as pessoas que querem o ajudar;

            Todos estes motivos podem ser precursores do alcoolismo (fatores de risco), mas para que se possa identificar este problema, é importante estar atento também aos seguintes comportamentos e sintomas:
- O indíviduo bebe muito em ocasiões sociais;
- Tem episódios de amnésia ou blackouts frequentes – quando, no dia a seguir, acorda sem nenhuma memória ou recordação da noite anterior ou de ter ingerido álcool em excesso;
- Utiliza subterfúgios para esconder a bebida alcoólica, como usar garrafas ou embalagens de bebidas não alcoólicas ou esconder as garrafas para que ninguém à volta perceba;
- Irrita-se facilmente e torna-se agressivo verbalmente, com declarações de rejeição da dependência da bebida;
- Tem medos, comportamentos obsessivos, sentimentos de perseguição contra si próprio ou ciúmes em relação ao cônjuge;
- Sente cansaço, insónias, disfunções sexuais, depressão, ansiedade;
- Podem ocorrer fraturas, quedas, queimaduras no corpo ou mesmo convulsões sem causa aparente.

            O alcoolismo além de prejudicar quase todas as áreas da vida de uma pessoa que sofra desta doença, por mais difícil que seja de aceitar, seu próprio organismo é o mais afetado. Veja alguns dos problemas que o consumo excessivo e prolongado do álcool pode gerar:
- No tubo digestivo e no estômago: irritação da mucosa gástrica, o que pode provocar inflamação e ulceração e também diminui as secreções, ou seja, inibe a transformação dos alimentos. O álcool pode causar também esofagites e gastrites.
- No fígado: neste órgão ocorre um processo conhecido como a cirrose alcoólica em que as células do fígado vão desaparecendo, além de Hepatite alcoólica.
- No sistema nervoso central: o álcool perturba o funcionamento normal deste sistema. No primeiro estado, a pessoa após ter bebido, parece ter um comportamento normal, mas a rapidez e a precisão dos reflexos estão já um pouco menores do que o normal. Já no segundo estado, ocorre a alteração dos centros inibidores, em que a pessoa experimenta uma sensação de bem-estar, de euforia, de excitação, havendo um descontrole na fala, no andar, na audição e na visão. No terceiro estado, acentuam-se os sintomas, havendo uma imprecisão de movimentos. E por fim, no quarto estado, podem ocorrer alucinações, excitação motora desordenada, perda da sensibilidade, perda da consciência e pode em alguns casos levar a violência.
- Os alcoólicos tornam-se mais susceptíveis a infecções;
- Afeta o desejo sexual e pode levar à impotência;
- Nas mulheres, leva à diminuição da menstruação, infertilidade e afeta certas características sexuais femininas;
- Nos homens, pode ocorrer a diminuição dos hormôneos masculinos e ocorrer o atrofiamento das células produtoras de testosterona.



            Ainda há inúmeros problemas para a saúde que esta droga causa, entre eles estão:
- Desnutrição;
- Alterações sanguíneas – ao nível dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas;
- Úlcera péptica;
- Pancreatite crónica ou crises de pancreatite aguda;
- Esteatose hepática;
- Hipertensão arterial;
- Cardiomiopatia alcoólica;
- Acidentes vasculares cerebrais;
- Alterações endócrinas e metabólicas;
- Alterações musculoesqueléticas - como a osteoporose;
- Alterações dermatológicas;
- Maior prevalência de tuberculose e de infecções bacterianas;
- Maior prevalência de cancros a nível de todos os órgãos;
- Síndrome de abstinência;
- Delirium tremens;
- Síndrome de Wernicke;
- Síndrome de Korsakov;
- Demência alcoólica.

             Além destes fatores, o consumo de álcool contribui mais do que qualquer outro fator de risco para a ocorrência de acidentes domésticos, laborais e de condução, assim como também violência, abusos e negligência infantil, conflitos familiares, incapacidade prematura e morte. Relaciona-se com o surgimento e/ou desenvolvimento de numerosos problemas ou patologias agudas e crónicas de carácter físico, psicológico e social, constituindo, por isso, um importante problema de saúde pública.


            O alcoolismo possui um forte poder de influência social e os alcoólicos tendem a evitar este estigma. Esta defesa natural para a preservação da auto-estima acaba por proporcionar atrasos na intervenção terapêutica. Para iniciar o tratamento é necessário que o alcoólico mantenha a sua auto-estima mas sem negar a sua condição. O tratamento do alcoolismo é complexo e depende do estado do paciente e de seu engajamento no processo de cura. Reconhecer que precisa de ajuda para um problema com álcool talvez não seja fácil para quem sofre deste problema, porém, é importante ter em mente que, o quanto antes vier a ajuda, melhores serão as chances de uma recuperação bem sucedida. E ainda, identificar um possível problema com álcool gera uma compensação enorme, uma chance de viver com mais saúde. É importante que quando o alcoólico for ao medico, responda todas as perguntas da maneira mais completa e honesta possível. Para que então, após o questionário e também o exame físico, se ficar concluído que há uma dependência do álcool, o mesmo seja encaminhado à um especialista.

            A natureza do tratamento depende da gravidade do alcoolismo do indivíduo e dos recursos disponíveis na comunidade. O tratamento pode incluir a desintoxicação (o processo de retirar o álcool do sistema de uma pessoa com segurança); tomar medicamentos receitados pelo médico para ajudar a evitar o retorno à bebida uma vez que já parou; fazer reabilitação para que o paciente possa reaprender a viver sem o álcool; e aconselhamento individual e/ou em grupo.

            Há tipos de aconselhamento promissores que ensinam a recuperar dependentes de álcool e a identificar situações e sentimentos que levam à necessidade de beber e de descobrir novas maneiras de lidar com a ausência do álcool. Qualquer um destes tratamentos podem ocorrer tanto em um hospital, como em tratamento residencial ou ambulatorial (o paciente fica em sua casa e vai às consultas, até todos os dias). Como o envolvimento com a família é importante para a recuperação, muitos programas oferecem aconselhamento conjugal e terapia familiar como parte do processo de tratamento. Alguns programas podem oferecer para o dependente recursos vitais da comunidade como a assistência legal, treinamento de trabalho, creche e aulas para pais.

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