A hérnia de disco é uma doença bastante comum, que atinge cerca de 65% da população brasileira. É causada por uma lesão dos discos que compõem a coluna vertebral. Estes discos tem forma de anel, são constituídos por tecido cartilaginoso e elástico, situam-se entre vértebras e sua função é evitar o atrito entre uma vértebra e outra e amortecer impactos. Má postura, não se acomodar na cadeira, carregar peso, dirigir muito, esforço repetitivo, estar acima do peso ou até mesmo levar uma vida sedentária, podem com o tempo, levar ao desgaste da cartilagem destes discos.
A hérnia de disco nada mais é do que o deslocamento de um dos discos intervertebrais, ou seja, parte deles sai da posição normal e comprime as raízes nervosas que emergem da coluna, onde há o aparecimento de edema e inflamação, que podem comprimir o nervo ciático. Assim, a dor ciática aparece. Quando o núcleo de um dos discos vertebrais sai do canal espinhal e comprime outro nervo, o membro inervado será afetado. Assim, quando o nervo que inerva a perna é comprimido, a dor irradia por esse membro.
O problema é mais frequente nas regiões lombar e cervical, por serem áreas mais expostas ao movimento e que suportam mais carga. Normalmente este processo ocorre em médio e longo prazo, mas também existe a possibilidade de que ocorra de forma abrupta, no caso de um trauma de grande impacto, uma queda, ou um movimento em falso. As pessoas mais afetadas por uma hérnia de disco estão entre 25 e 45 anos e após os 50 anos, 30% da população mundial apresenta alguma forma assintomática desse tipo de afecção na coluna.
Os sintomas mais comuns da hérnia de disco são: Parestesias (formigamento) com ou sem dor na coluna, geralmente com irradiação para membros inferiores ou superiores, podendo também afetar somente as extremidade (pés ou mãos). Esses sintomas podem variar dependendo do local da acometido. A hérnia de disco comprime raízes dos nervos e medula, que estão próximas a ela. Toda área próxima a hérnia de disco pode ficar comprometida, devido à redução de espaço. Na verdade, se um nervo raquidiano é afetado, haverá uma sensação de fraqueza e dificuldade de mobilidade (afetando as pernas). Ao contrário, se um nervo do pescoço é afetado, o paciente irá apresentar sintomas em seus braços. Mais em qualquer caso, haverá dor, rigidez e espasmos na área afetada. Às vezes, se a hérnia de disco afeta a medula espinhal, pode haver disfunção do baço. Se a hérnia de disco estiver posterior pode diminuir o diâmetro do canal medular, comprimindo a medula naquele local. É esta compressão dos nervos, causada pelo material exposto fora do disco, que resulta nos sintomas da hérnia de disco. Quando a hérnia de disco está localizada no nível da cervical, pode haver dor no pescoço, ombros, na escápula, braços ou no tórax, associada a uma diminuição da sensibilidade ou de fraqueza no braço ou nos dedos. Na região torácica elas são mais raras devido a pouca mobilidade dessa região da coluna mais quando ocorrem os sintomas tendem a ser inespecíficos, incomodando durante muito tempo. Pode haver dor na parte superior ou inferior das costas, dor abdominal ou dor nas pernas, associada à fraqueza e diminuição da sensibilidade em uma ou ambas as pernas. A maioria das pessoas com uma hérnia de disco lombar relatam uma dor forte atrás da perna e segue irradiando por todo o trajeto do nervo ciático. Além disso, pode ocorrer diminuição da sensibilidade, formigamento ou fraqueza muscular nas nádegas ou na perna do mesmo lado da dor. A hérnia de disco pode ser assintomática ou, então, provocar dor de intensidade leve, moderada ou tão forte que chega a ser incapacitante (Radiculopatia).
Predisposição genética é a causa de maior importância para a formação de hérnias discais, seguida do envelhecimento, da pouca atividade física e do tabagismo. Há também outros fatores que podem comprometer a integridade do sistema muscular que dá sustentação à coluna vertebral e favorecer o aparecimento de hérnias discais:
- O envelhecimento dos discos vertebrais, torna-os menos elásticos, fazendo com que o envelope que envolve o núcleo se rompa mais facilmente;
- Transportar cargas muito pesadas;
- Má postura ao carregar cargas;
- Movimentos incorretos ou falsos;
- Quedas;
- Excesso de peso.
Entre fatores ocupacionais associados a um risco aumentado de dor lombar estão:
- Trabalho físico pesado
- Postura de trabalho estática
- Inclinar e girar o tronco freqüentemente
- Levantar, empurrar e puxar
- Trabalho repetitivo
- Vibrações
- Psicológicos e psicossociais
O diagnóstico de uma hérnia de disco começa com a anamnese médica, onde o médico faz perguntas a fim de encontrar as causas da dor. Ele então irá proceder com uma radiografia, tomografia computadorizada ou por IRM (Imagem por Ressonância magnética). O médico pode, então, excluir todas as outras causas de dor lombar ou dor ciática, como tumores, fraturas, etc.
Desenvolver hábitos saudáveis de vida e que estejam de acordo com as normas básicas estabelecidas pela Ergonomia, tais como: prática regular de atividade física, realização de exercícios de alongamento e de exercícios para fortalecer a musculatura abdominal e paravertebral, e postura corporal correta são medidas importantes para prevenir as doenças da coluna.
As hérnias de disco localizadas na coluna lombar, em geral, respondem bem ao tratamento clínico conservador. O quadro reverte com o uso de analgésicos e antiinflamatórios, se a pessoa fizer um pouco de repouso e sessões de fisioterapia e acupuntura. Em geral, em apenas um mês, 90% dos portadores dessas hérnias estão aptos para reassumir suas atividades rotineiras.
Hérnias de disco na coluna cervical podem surgir diretamente nessa região ou serem provocadas por alteração na curvatura e posicionamento da coluna vertebral durante a crise da hérnia lombar. A escolha do tratamento, se cirúrgico ou não cirúrgico, considera a gravidade dos sintomas e o déficit motor. A cirurgia só é indicada quando o paciente não responde ao tratamento conservador e nos casos de compressão do nervo exercida por parte do disco que extravasou, pois corrigido esse defeito mecânico a dor desaparece completamente.
Para prevenir a hérnia de disco, recomenda-se:
* Evitar todos os excessos que facilitam a instalação das hérnias de disco: excesso de peso, de exercícios físicos, de cigarro;
* Procurar manter a postura correta quando sentado ou em pé;
* Não esquecer de que vida sedentária é responsável não só pela formação de hérnias de disco, mas por muitos outros problemas de saúde;
* Informar-se sobre o tipo de atividade física indicada para sua faixa de idade;
* Suspender os exercícios se os sintomas voltarem e procure assistência médica imediatamente;
* Seguir as recomendações médicas depois da cirurgia para evitar que nova hérnia se forme naquele local.
Para quem já tem hérnia de disco, algumas dicas são:
* Deitar-se, para alongar a coluna;
* Aplicar compressas quentes, para relaxar os músculos, diminuir a tensão, e portanto, diminuir a dor;
* É aconselhado praticar natação no estilo costas. De fato, na natação trabalha-se com os músculos dorsais e abdominais, mas as costas são apoiadas pela água. Ela fortalece os músculos, poupando as costas. Isso ajuda a prevenir as recidivas.
Acompanhe mais informações sobre a doença nesta entrevista dada pelo Dr. Aramis Pedro Teixeira no Programa Destaque do SBT.
Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
(45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu
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