O vinho e outras bebidas alcoólicas podem causar Enxaqueca
A enxaqueca é uma síndrome neurológica que afeta grande parte da população mundial. "É um desequilíbrio químico no cérebro, mais especificamente nos neurotransmissores do sistema nervoso central, associado a alterações vasomotoras (dilatação dos vasos sanguíneos do encéfalo) também responsáveis pelos fenômenos dolorosos relacionados à face e ao crânio", diz Dr. Aramis Pedro Teixeira, neurocirurgião. Esse desequilíbrio resulta de uma série de outros desequilíbrios neuroquímicos e hormonais, decorrentes do estilo de vida e hábitos do portador da enxaqueca e também de uma predisposição genética. O resultado é uma série de sintomas, que podem ir muito além da dor de cabeça.
A dor de cabeça é o sintoma mais dramático da enxaqueca e sua intensidade, apesar de variável, na maioria dos casos é de moderada a severa. A frequência da enxaqueca varia de indivíduo para indivíduo. Alguns casos são semanais, mas podem ser diários.
Algumas características da enxaqueca são:
- Cefaléia unilateral ou bilateral (sendo na maioria dos casos unilateral);
- Dor pulsátil e latejante;
- Crises com dor de intensidade moderada a intensa que podem prejudicar as atividades diárias;
- Quanto mais se exerce a atividade física rotineira, mais piora a dor.
Uma das principais características da Enxaqueca é a Dor de Cabeça unilateral
Os demais sintomas da enxaqueca compreendem: tontura, náuseas (enjôo), vômitos, aversão à claridade, ao barulho, aos cheiros, hipersensibilidade do couro cabeludo, visão embaçada, bocejos repetidos, lacrimejamento, irritabilidade, flutuações do humor, depressão (mesmo fora das crises), hiper-atividade, ansiedade, dificuldades de memória, diminuição da força muscular de um lado do corpo e formigamentos. "Um indivíduo não precisa apresentar todos estes sintomas para ter enxaqueca, mas sim alguns deles em graus variados", diz Dr. Aramis.
Segundo o neurocirurgião, algumas pessoas apresentam um sintoma adicional chamado aura, que são manifestações do sistema nervoso (geralmente visuais), que acontecem minutos antes de uma crise de enxaqueca. Essas manifestações podem incluir distúrbios visuais (como visão embaçada, dupla, manchas brilhantes, escurecimento da visão e cegueira parcial de um ou ambos os olhos) ou ainda sintomas auditivos, sensitivos e motores. A enxaqueca pode ser precedida também por uma alteração do humor (euforia, depressão, irritabilidade) e do apetite (perda de apetite ou vontade de comer doces).
A dor de cabeça da enxaqueca pode ser muito forte, a ponto de impedir o indivíduo de exercer qualquer atividade, obrigando-o a ficar deitado, num quarto escuro, em silêncio, durante horas ou dias. O paciente torna-se muito irritável, preferindo ser deixado sozinho.
A pessoa que tem fortes crises de Enxaqueca, tem seu humor alterado e sente vontade de ficar sozinho
Boa parte das crises de enxaqueca termina com o sono ou quando a pessoa vomita (principalmente as crianças). Ao fim de uma crise de enxaqueca, o paciente sente-se como que de ressaca, podendo apresentar, por mais de um dia, tolerância limitada para atividades físicas e mentais.
Os desencadeantes da enxaqueca podem ser diferentes para cada pessoa, sendo um ou mais fatores, como:
- Ambiente/Comportamento: Alguns desencadeantes são: luz forte, ruídos altos, alterações climáticas e alterações de comportamento, como por exemplo, dormir demais ou de menos, jejum, alteração na dieta, etc.
- Estresse: O estresse, em algumas pessoas, pode facilitar a enxaqueca. Avaliar o estilo de vida pode auxiliar na identificação de fatores que estejam contribuindo para a enxaqueca.
- Alimentos: Alguns dos alimentos que podem contribuir para o início da enxaqueca são: Chocolate, queijo, café, refrigerantes, frutas cítricas, bebidas alcoólicas fermentadas, salame, lingüiça, mortadela, e os que contêm glutamato monossódico (um realçador de sabor da comida chinesa, mas que também é adicionado a milhares de alimentos que os brasileiros comem), como temperos e caldos prontos, salgadinhos, bolachas salgadas, sopas prontas, shoyu, molho inglês, e também adoçantes em geral, como o aspartame.
O suco de Laranja é um dos desencadeantes da Enxaqueca
Um dos maiores problemas da enxaqueca é que ela pode ser desencadeada por uma série de "gatilhos", tornando a pessoa mais vulnerável a saídas da rotina, quanto mais agravada estiver a sua doença. Sair de casa em dias muito claros, frequentar lugares aglomerados, passar por emoções fortes, acordar mais tarde que de costume, dormir durante o dia, atrasar refeições, beber uma simples taça de vinho ou comer certos pratos, já pode ser suficiente para desencadear muita dor e outros sintomas. Até exercícios físicos fora da rotina do indivíduo podem desencadear crises. Um bom tratamento visa justamente dessensibilizar o indivíduo, para que ele possa desfrutar de todos esses fatores sem precisar passar por uma crise de dor e outros sintomas.
O diagnóstico da enxaqueca é clínico, com exame físico e neurológico, além de um histórico completo da cefaléia. "Eventualmente, pode ser necessária a realização de exames complementares, como ressonância magnética de crânio e eletroencefalograma", diz Dr. Aramis Pedro Teixeira.
O tratamento da Enxaqueca consiste em:
- Diagnóstico correto do tipo de cefaléia;
- Controle dos fatores que geram as crises;
- Tratamento com medicamentos abortivos das crises (antiinflamatórios ou remédios específicos para enxaqueca, como os triptanos, que são drogas que agem nos mecanismos responsáveis pelo desencadeamento da dor de cabeça);
- Tratamento com medicamentos para prevenir as crises (quando forem muito incapacitantes ou com pobre resposta aos medicamentos abortivos). Podem ser utilizados antidepressivos tricíclicos em baixas doses (desta forma servem para tratar dor e não depressão), betabloqueadores ou anticonvulsivantes. Mais modernamente o uso de neuromoduladores vem sendo amplamente empregado;
- Uso de técnicas de relaxamento, terapias cognitivas, comportamentais, dietas, fisioterapias, psicoterapias e acupunturas. | |
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O tratamento tem um resultado melhor, quando associado a medidas comportamentais, que ajudam a identificar os desencadeantes e evitá-los. Para isto é utilizado o diário da enxaqueca, onde se faz um registro das atividades, alimentos e suas relações com a dor. A prática de atividades físicas moderadas e regulares também é estimulada por ser um mecanismo natural de regulação da dor.
- Procurar não fumar ou ficar perto de quem fuma;
- Evitar o consumo diário de cafeína (café, refrigerantes, entre outros);
- Beber bastante água ou água de coco.
- Não tomar pílula anticoncepcional. Procure métodos sem hormônios;
- Não fazer reposição hormonal convencional;
- Ir dormir mais cedo;
- Procurar acordar todos os dias no mesmo horário;
- Não pular refeições, especialmente a da manhã;
- Fazer de preferência seis refeições ao dia;
- Manter atividade física regular.
Para se prevenir a enxaqueca, primeiramente o indivíduo deve tentar estabelecer quais são os fatores desencadeantes para suas crises de dor de cabeça e assim evitá-los, na medida do possível, associando aos métodos preventivos.
Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
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