As Parassonias são transtornos caracterizados por eventos comportamentais ou fisiológicos anormais, como sonhos ou atividades físicas, que ocorrem durante o sono. Estes movimentos são inconscientes e na sua maioria, não são lembrados e são mais freqüentes em crianças que em adultos.
Antes de conciliar o sono, praticamente todas as pessoas sentiram por vezes um tremor breve e involuntário de todo o corpo. Alguns têm também paralisia do sono ou breves alucinações. Normalmente, durante o sono as pessoas têm tremores esporádicos das pernas; os adultos podem ranger os dentes intensamente, ter movimentos periódicos e sofrer pesadelos. Os estados de sonambulismo, as pancadas da cabeça, os terrores noturnos e os pesadelos são mais frequentes nas crianças e causam grande angústia. As crises epilépticas podem manifestar-se em qualquer idade.
Alguns sinais e sintomas das parassonias são:
- Dores de cabeça;
- Perda de controle muscular (cataplexia);
- Concentração e foco fracos;
- Dificuldade com a memória;
- Coordenação motora prejudicada;
- Irritabilidade.
- Dores de cabeça;
- Perda de controle muscular (cataplexia);
- Concentração e foco fracos;
- Dificuldade com a memória;
- Coordenação motora prejudicada;
- Irritabilidade.
A causa das parassonias é desconhecida, mas um terço ou mais dos indivíduos com acatisia apresentam uma história familiar. Entre algumas outras possíveis causas e fatores de risco estão:
- Stress;
- Depressão;
- Fatores biológicos;
- Drogas (cafeína, antidepressivos tricíclicos);
- Apnéia do sono;
- Azia.
- Depressão;
- Fatores biológicos;
- Drogas (cafeína, antidepressivos tricíclicos);
- Apnéia do sono;
- Azia.
As parassonias tem uma preponderância na infância e adolescência, com tendência a desaparecerem espontaneamente no adulto jovem, após os 18 a 20 anos, sendo que uma pequena proporção persistem após esta faixa etária, e estas, geralmente requerem tratamento. As parassonias não costumam levar a danos cognitivos (mentais) com perdas na capacidade de aprendizagem, atenção, concentração ou no trabalho, mas habitualmente, geram apreensão nos familiares, daí, a necessidade de esclarecimento destes da benignidade do quadro, e da sua evolução material para o desaparecimento, associado à maturação cerebral que ocorre em torno dos 14 a 18 anos de idade. Devendo ser tratadas apenas casos particulares, onde ocorre incômodo com as pessoas que convivem com o paciente, ou quando pode ocorrer risco de acidentes com o mesmo, por possíveis exposições à escadarias, janelas sem proteção, ou variar muito de ambientes de sono.
O tratamento pode envolver intervenção médica ou modificação no comportamento, através de hipnose ou relaxamento. Pode ser feito ainda com clonazepam em 0.5-1.5 mg administrada ao deitar. Este medicamento tem demonstrado ser benéfico em longo prazo.
As principais parassonias são:
- Sonilóquios: Acontece quando o paciente fala, murmura ou grita sons, sílabas e frases geralmente ininteligíveis e desconexas, durante o sono. É considerado um dos distúrbios do sono mais comum entre as crianças, é benigno e sua ocorrência diminui na idade adulta. As pessoas que são acordadas logo após um sonilóquio podem ou não se lembrar do que disseram. Isso depende de qual estágio do sono ocorreu o distúrbio. Geralmente não acarreta em prejuízo, a não ser quando falar durante o sono possa criar situações de constrangimento para o paciente. Ocorre no estágio 1 do sono-REM.
- Sonambulismo: Consiste na execução de comportamentos motores durante o sono, desde sentar na cama, ir ao banheiro e fazer limpeza, até mesmo atividades perigosas como cozinhar, dirigir ou gesticular violentamente. Da mesma forma que o sonilóquio, não requer tratamento medicamentoso sendo, porém, fundamental a orientação do paciente e dos familiares, principalmente quanto ao risco que este quadro oferece aos acidentes.
O familiar deve tentar levar o paciente de volta para a cama. O local em que o sonâmbulo dorme deve ser seguro para evitar a ocorrência de acidentes. O sonambulismo ocorre nos estágios 3 e 4 do sono-REM, sobretudo neste último.
-Terror noturno: É caracterizado por gritos durante o sono acompanhado do semblante de terror como se a pessoa estivesse vendo algo terrorífico durante o sono. Durante uma crise de terror noturno, a criança pode ter violentos movimentos corporais, agitação extrema, gritos, gemidos, falta de ar, suor, confusão, e em alguns casos, fuga da cama ou do quarto, comportamento destrutivo e agressão dirigida a objetos ou contra eles mesmos ou outras pessoas. No momento de pânico ferimentos, fraturas e lesões podem ocorrer caso não sejam tomadas precauções. Extrema agitação pode induzir injurias: o indivíduo pode pular da janela ou cair da escadaria e pode reagir violentamente à tentativa de restrição por terceiros.
Mesmo que a criança esteja de olhos abertos, não sabe que você está ali e não se acalma. A crise pode durar alguns minutos ou até mais de meia hora, e, depois que passa, a criança volta a dormir. No dia seguinte, não vai lembrar de nada. Estes episódios são mais comuns em crianças com idade variada de 4 a 10 anos; só aproximadamente 1 a 2% das crianças entre as idades de 6 a 14 anos apresentam terror noturno; entretanto, início na vida adulta pode ocorrer. Nestes casos, o indivíduo não faz referência a sonhos ou pesadelos e freqüentemente não se recorda do episódio no dia seguinte. O terror noturno ocorre no estágio 4 do sono-REM.
- Enurese noturna: Micção involuntária durante o sono. Primária, quando há persistência episódios após os 5 anos de idade, sem se ter conseguido o controle noturno. Secundária, quando ocorre aparecimento de micção noturna involuntária em crianças que já tiveram o controle da mesma durante seis meses.
Na enurese secundária, deve-se excluir lesões urológicas, neurológicas, metabólicas e psiquiátricas. Esta parassonia ocorre durante o sono de ondas lentas, desde o estágio 1, até o estágio 4.
- Estado confusional do despertar: Caracteriza-se pelo despertar acompanhado de estado confusional e desorientação. Costuma ocorrer na primeira metade da noite. Durante o despertar o indivíduo está desorientado, confuso, e lento para falar ou responder.
Conduta inapropriada e incerta pode ser acompanhada por gemido e vocalizações incorrentes ou despropositadas, e alguns indivíduos tornam-se agitados ou violentos, especialmente durante tentativa de despertar por terceiros. Apesar dos episódios usualmente durar uns poucos minutos ou segundos, ocasionalmente podem durar até 10 minutos ou mais, durante o qual é difícil ou impossível despertar o indivíduo.
Apesar dos episódios tenderem a tornar se menos freqüentes com a idade, alguns adultos jovens, têm episódios várias vezes por semana. Os fatores precipitantes podem ser: privação de sono, distúrbios do ritmo circadiano e administração de drogas, como benzodiazepínicos e álcool. Também pode ser observado em pacientes com sonolência excessiva, como nos casos de apnéia do sono. Esta é uma parassônia do estágio 4 do sono de ondas lentas (sono-REM).
- Distúrbio Comportamental do sono-REM (período de sonhos): Caracteriza-se por comportamento violento ou desorganizado que aparece durante o sono-REM, com perda intermitente do tônus muscular na EMG, com atividade motora elaborada associada aos sonhos. Inicia-se na sexta ou sétima década da vida, sendo mais freqüente nos homens. A polissonografia mostra ausência intermitente de atonia muscular, com espasmo muscular das extremidades, com freqüência maior que a observada durante o sono-REM normal, movimentos corporais, comportamento complexo, e, por vezes, violentos. A arquitetura do sono é normal. O diagnóstico diferencial deve ser feito com terror noturno, sonambulismo, distonia paroxísticas noturna, apnéia e crises epilépticas.
- Pesadelos: São sonhos com forte conteúdo emocional, geralmente de caráter angustiante que ocorrem durante o sono-REM e levam ao despertar. Geralmente decorrem de conflitos emocionais, porém, podem ocorrer em diversas enfermidades ou após uso de drogas ou medicamentos que atuam no sono-REM. Tendem a diminuir com a idade e parecem ter um componente familiar. Os fatores precepitantes podem ser: estado emocional, rebote do sono-REM, drogas dopaminérgicos e retirada de drogas supressores do sono-REM (benzodiazepínicos). Não trazem conseqüências, quando ocorrem esporadicamente, porém, requerem tratamento quando freqüentes.
- Paralisia do sono: Decorre na persistência da atonia após o despertar do sono-REM. É a sensação de não conseguir movimentar o corpo que ocorre geralmente após o despertar. Pode ocorrer esporadicamente não constituindo anormalidade, porém, pode fazer parte da Síndrome Narcoléptica.
- Alucinações hipnagógicas: Ocorre geralmente no despertar ou no adormecer e se caracteriza por alucinações visuais ou auditivas, como se estivesse sonhando acordado. Decorre na persistência de sensações oníricas após o despertar. Assim como a paralisia do sono pode ocorrer sem indivíduos normais ou fazer parte da Síndrome Narcoléptica.
-Bruxismo: Distúrbios de movimento estereotipado, caracterizado pelo ranger ou apertar dos dentes durante o sono. Pode ser observado em duas formas: o apertamento ou bruxismo cêntrico, caracterizado por episódios isolados de atividade muscular e o ranger de dentes, ou bruxismo excêntrico, com contrações rítmicas dos músculos mastigatórios, ou a combinação desses dois tipos. O bruxismo produz sintomas musculares, cefaléias e desgaste dental. O tratamento pode ser feito com placas intra-orais ou o uso de relaxantes musculares ( sob orientação). Este quadro pode ocorrer em todos os 4 estágios do sono-NREM, sobretudo nos estágios 2 e 1.
Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
(45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu