segunda-feira, 19 de março de 2012

Síndrome das Pernas Inquietas


         É um distúrbio neurológico do sono que afeta cerca de 15% da população adulta, caracterizado por alterações da sensibilidade e agitação motora involuntária dos membros inferiores, principalmente quando se está de repouso  (podendo acometer também os superiores nos casos mais graves). Manifesta-se em qualquer faixa de idade, sendo mais rara na infância. Atinge principalmente a população adulta e aumenta com o envelhecimento.

Nesta síndrome há uma necessidade incontrolável de mover as pernas, como se estivesse com queimação, formigamento, arrepios, coceira ou dores. Quando as pernas são movimentadas  há um alívio desta sensação ruim. A intensidade pode variar de leve a grave e diminui com o movimento.

           Neste video podemos perceber como acontece a Sindrome das Pernas Inquietas

Em geral, os sintomas pioram a noite, especialmente quando o individuo se deita, e impedindo assim, um sono reparador. Muitas vezes a pessoa passa a ficar muito tempo movimentando as pernas para aliviar o desconforto e com isto tem o sono prejudicado, alem de ter sua qualidade de vida reduzida devido ao cansaço e sonolência que ocorre durante o dia, aumentando irritabilidade, inabilidade para lidar com o estresse, depressão, dificuldade para concentração e memória. Por causa da urgência em movimentar as pernas, longas viagens e atividades de lazer são quase impossíveis.

A inquietação provocada por esta doença pode ser mal interpretada como nervosismo, pois movimentos dos pés, dedos e pernas são vistos quando o indivíduo está sentado ou deitado.

Há dois tipos de síndrome das pernas inquietas:
- Síndrome das pernas inquietas primária: é a mais comum, também chamada de síndrome das pernas inquietas idiopática. Uma vez que aparece, geralmente torna-se uma condição para toda a vida. Com o passar do tempo os sintomas tendem a piorar e ocorrem mais freqüentemente, especialmente se tiver início quando a pessoa é jovem. Em casos leves, pode haver grandes períodos sem sintomas, ou os sintomas podem durar um tempo limitado.
No caso deste tipo de SPI, a causa não pode ser encontrada. Porém, estudos comprovam que tende a acontecer em membros da mesma família, o que indica que há um componente genético na probabilidade de sofrer dessa condição.

- Síndrome das pernas inquietas secundária: é causada por outra doença  e algumas vezes por certos medicamentos entre eles anti-depressivos e anti-psicoticos. Os sintomas geralmente desaparecem quando há melhora da doença ou condição médica, ou quando pára de tomar o medicamento que causou a doença. Algumas doenças e condições médicas que podem predispor  a SPI secundária são:
* Deficiência de ferro, com ou sem anemia;
* Insuficiência Renal;
* Diabetes;
* Mal de Parkinson;
* Danos ao nervos das mãos ou pés;
* Artrite reumatóide;
* Gravidez.

Sabe-se que, além da predisposição genética, a deficiência de dopamina e de ferro em áreas motoras do cérebro está associada à ocorrência de movimentos involuntários e repetitivos característicos da síndrome.

O diagnóstico da Síndrome das Pernas Inquietas é predominantemente clínico, fundamentado no histórico do paciente e também na descrição dos sintomas. Embora raramente essa síndrome tenha como causa uma polineuropatia, é indispensável avaliar os reflexos, a sensibilidade ao toque e a intensidade da dor. Não há exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico, mas estes podem ser feitos para afastar outras doenças do sono. O exame de sangue (dosagem de ferritina, ferro sérico e transferrina) é necessário para medir a deficiência de ferro.

O tratamento estabelecido para esta doença tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, balanceando riscos e benefícios. Por exemplo, se uma deficiência de ferro for detectada, utiliza-se suplemento de ferro, vitamina B12, que pode ser suficiente para acabar com os sintomas. Como o uso de certas substâncias em quantias inadequadas pode causar intoxicação, recomenda-se a avaliação, prescrição e acompanhamento médico para a utilização da suplementação de ferro. Quase 25% dos pacientes com SPI têm seus sintomas causados ou agravados, pela utilização de outros medicamentos. Essas drogas incluem bloqueadores do canal de cálcio (usados para tratar pressão alta e problemas do coração), medicamentos anti-náusea, alguns medicamentos para gripes e alergias, tranqüilizantes, fenitoína e medicamentos utilizados para tratar depressão. O tipo de vida também interfere, certos hábitos e costumes podem piorar os sintomas de SPI. É aconselhado encontrar o melhor horário para dormir e acordar e manter este horário todos os dias, dormindo o mesmo número de horas, pois a fadiga e sonolência tendem a piorar os sintomas. Exercícios físicos moderados são recomendados até seis horas antes do horário de dormir. Para algumas pessoas, ao contrário, exercícios físicos logo antes de dormir são benéficos.

Uma dieta balanceada pode ser importante para diminuir a gravidade da doença. Tome cuidado com a cafeína, pois esta aparentemente melhora os sintomas, mas na verdade os intensifica e os atrasa para mais tarde da noite. A melhor solução é evitar todos os produtos com cafeína: café, chá mate, chá preto, refrigerantes, chocolate e alguns medicamentos. O consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo aumentam a intensidade dos sintomas, é importante evitá-los também.

Certas atividades físicas como banho quente, massagens, técnicas de relaxamento, trabalhos manuais, alguma outra atividade que mantenha a mente ocupada, podem ser benéficas, mas dependem da gravidade dos sintomas de cada pessoa. Algumas pessoas não conseguem encontrar alívio com qualquer atividade e precisam de medicamentos. Não há um medicamento aprovado especialmente para o tratamento da SPI, mas alguns outros aprovados para outras doenças são utilizados: agonistas dopaminérgicos, sedativos, medicações para dor e anticonvulsivantes. Cada droga tem seus benefícios, limitações e efeitos colaterais. A escolha da medicação depende da gravidade dos sintomas.

Algumas Recomendações:
* Criança inquieta na hora de dormir, que chora, resmunga e mexe muito as pernas, pode não estar fazendo manha. Leve-a ao pediatra para afastar a possibilidade de ter desenvolvido os sintomas da síndrome das pernas inquietas;
* Da mesma forma, aja com os idosos. Não atribua a agitação e as queixas à perda das faculdades mentais. Sedá-los pode piorar muito o quadro, se o problema for a síndrome das pernas inquietas;
* O agravamento dos sintomas pode tornar insuportável a vida do portador da síndrome e da pessoa com quem divide a cama ou o quarto. Só o tratamento adequado é capaz de controlar as crises e aliviar os sintomas que, na maior parte das vezes, pioram à noite. Não se automedique; procure assistência médica especializada;
* O consumo de cafeína, álcool e cigarro é absolutamente desaconselhado. Faça um esforço e tente excluí-los do seu dia a dia;
* Medicamentos antidepressivos e neurolépticos podem desencadear uma síndrome semelhante à das pernas inquietas. Esteja atento.


Entrevista feita com o Dr. Aramis Pedro Teixeira, sobre a Sindrome das Pernas Inquietas


Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião

Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
(45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu

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