sexta-feira, 9 de março de 2012

Depressão


                Doença considerada o "Mal do Século" e que atormenta mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo. É um transtorno psiquiátrico muito comum que afeta pessoas de todas as idades. A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. Não é como o humor "triste", que afeta a maioria das pessoas regulamente, pois se trata de uma condição duradoura (a maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos 2 semanas), de maior intensidade ou mesmo por uma tristeza de qualidade diferente da tristeza habitual, acompanhada de vários sintomas específicos e que trazem prejuízo à vida da pessoa. Ou seja, depressão não é tristeza, é uma doença que precisa de tratamento.


                Aproximadamente 15 a 20% da população mundial, em algum momento da vida, já sofreu de depressão. Esta patologia é mais comum em pessoas com idade entre 24 e 44 anos. Dependendo do motivo pode ser dada a crianças e adolescentes como separação dos pais, problemas na escola, sexualidade, rejeição e principalmente Bullying.




                Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjôos. Caracteriza-se principalmente por:
- Perda de prazer nas atividades diárias (anedonia);
- Apatia;
- Alterações cognitivas (diminuição da capacidade de raciocinar adequadamente, de se - concentrar ou/e de tomar decisões);
- Alterações psicomotoras (lentidão, fadiga e sensação de fraqueza);
- Alterações do sono (mais frequentemente insônia, podendo ocorrer também hipersonolência);
- Alterações do apetite (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer também aumento do apetite);
- Redução do interesse sexual;
- Retraimento social;
- Ideação suicida;
- Prejuízo funcional significativo (como faltar muito ao trabalho ou piorar o desempenho escolar).


                Há também alguns sintomas corporais como sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça e dificuldades digestivas.


                Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido.


                A depressão pode ser causada pelos seguintes fatores: genética, alimentação, stress, estilo de vida, separação dos pais, rejeição, problemas na escola e outros fatores estão relacionados com o surgimento ou agravamento da doença. Mas também é associada a um desequilíbrio em certas substâncias químicas no cérebro, nos neurônios responsáveis pelo controle do estado de humor. 
Tem grande relação entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio depressivo. Contudo tais eventos não podem ser responsabilizados pela manutenção da depressão. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depressão nas pessoas predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos estressantes são perda de pessoa querida, perda de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave, pequenas contrariedades não são consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depressão.

 

                Existem depressões monopolares e bipolares. O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alternância de fases deprimidas com maníacas, de exaltação, alegria ou irritação do humor. A depressão monopolar só tem fases depressivas. Entre os tipos de depressão estão:

- Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente: Os sintomas depressivos (tristeza, choro fácil e/ou frequente, apatia, sentimento de falta de sentimento, sentimento de tédio, irritabilidade aumentada, desespero, desesperança, culpabilidade, transtorno de sono e apetite) devem estar presentes em pelo menos duas semanas, e não mais do que dois anos, sem interrupção. Os episódios, geralmente, têm duração média de seis meses e variam no minimo de três e máximo de 12 meses. Pode ser classificado de acordo com a intensidade [leve, moderado, grave] e com a importância clínica dos sintomas. Quando o paciente apresenta vários episódios depressivos, com ausência de episódios maníacos, disgnostica-se, portanto, transtorno depressivo recorrente.

- Distimia: Considerada uma depressão crônica, de intensidade leve na maioria das vezes mas, com longos períodos de duração, sem interrupção e por no mínimo dois anos. Os sintomas mais comuns são diminuição da auto-estima, dificuldade em tomar decisões ou de concentração, mau humor crônico, irritabilidade.

- Depressão Atípica: Além dos sintomas depressivos comuns, são somados aumento de apetite (doces), hipersonia (aumento em média de duas horas a mais do que o normal), sensação de corpo pesado, humor alterado (vai de um extremo ao outro com muita facilidade).

- Depressão Tipo Melancólica: É um tipo de depressão que está mais associada a fatores neurológicos, cujos principais sintomas envolve uma tristeza sentida no corpo, falta de interesse, lentidão psicomotora, ideação de culpa e a intensidade da depressão diminui conforme o passar do dia.

- Depressão Psicótica: É um tipo de depressão grave em que um ou mais sintomas psicóticos estão associados como delírios de culpa e alucinações com conteúdos depressivos.

- Depressão Pós-Parto: A Depressão Pós-Parto, geralmente, tem início algumas semanas após o parto, com sintomas gerais de depressão, sem grandes variações, podendo incluir variações intensas de humor e de preocupações com o bebê que pode ser exagerada ou até mesmo delirante. Esse tipo de depressão pode estar associada à características psicóticas, cujo maior fator associado é o infanticído, no qual a mãe tem alucinações e recebe comandos para matar o bebê ou delírios de que este tenha algo de ruim que justifique sua morte.
Geralmente, mulheres com depressão pós-parto desenvolvem ansiedade grave e ataques de pânico. Suas atitudes em relação ao bebê podem variar desde excesso de cuidado, a ponto de não deixar o bebê um segundo sequer, ao desinteresse completo, deixando de amamentar e/ou cuidar da higiene da criança.


É importante ressaltar que a depressão pós-parto não está associada àquela tristeza inicial, em que a mãe se deprime nos primeiros 10 dias após o parto, pois é uma tristeza passageira e não afeta os comportamentos da mãe em relação ao cuidado do bebê, nem sua noção de realidade.O pós-parto é um período extremamente importante, tanto na vida da mãe, quanto do bebê, em que alterações biológicas (tanto na estrutura do corpo da mulher, como nos hormônios e neutrotransmissões associados), psicológicas e sociais são delicadas e devem ser acompanhadas e apoiadas por familiares, amigos, pelos médicos responsáveis pela saúde da mãe e do bebê.

- Esturpor Depressivo: Nesse tipo grave de depressão, o paciente pode permanecer dias acamado, sem querer se movimentar, não quer falar com pessoas ou fazer qualquer atividade cotidiana, não tem vontade de se alimentar, e em casos mais complexos não consegue nem controlar a evacuação de urina ou fezes, o que pode gerar agravos clínicos e evoluir à óbito.

- Depressão Agitada ou Ansiosa: Possui grande agitação psicomotora com queixas de angústia intensa que se soma aos sintomas depressivos, aumentando a possibilidade de suicídio.

- Depressão Secundária: É um tipo de depressão que está associada a outro quadro clínico como fator agravante, como hipo/hipertireoidismo, doença de Parkinson, acidentes vasculares cerebrais (AVC).


                O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso, com antidepressivos que regulam a química cerebral. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. A psicoterapia ajuda o pacientes, pois auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar a sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse.

                Ás vezes a medicação precisa de ajustes, ou tem um efeito colateral incômodo. Por isso é importante a visita periódica para a avaliação médica e o ajuste ou troca do medicamento. Os antidepressivos demoram de duas a quatro semanas para atuar efetivamente na doença. Uma vez restaurada a química cerebral a depressão tende a melhorar e fica mais fácil erguer a cabeça e tomar uma atitude perante a vida. 

                Vale lembrar que a complementação ao tratamento com atividades esportivas aeróbicas também são recomendadas.

                Além de tudo, é fundamental a força de vontade do paciente de correr atrás dos seus sonhos (objetivos), o auxílio da família, dos amigos e de um grupo de ajuda. Quanto mais amparado o paciente estiver, melhor será o processo de cura.








                                     Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
                                       Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
                                 (45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu

Nenhum comentário:

Postar um comentário