quarta-feira, 21 de março de 2012

Sonambulismo


          É um fenômeno classificado como transtorno comportamental do sono (parassonia) durante o qual a pessoa pode desenvolver habilidades motoras simples ou complexas. Essas atividades podem ser tão inofensivas quanto sentar na cama, ir ao banheiro e fazer limpeza, ou perigosas como cozinhar, dirigir ou gesticular violentamente. Outras atividades que podem ser realizadas durante o sonambulismo incluem gemer, falar, gesticular e agarrar objetos aparentemente frutos de alucinação.

           O sonambulismo é desencadeado em pessoas que possuem as ondas cerebrais emitidas pela ponte cerebral com característica irregular, o que as impede de inibir as funções motoras do organismo, fazendo com que essa permaneça ativada mesmo com o consciente dormindo. Difere do pesadelo, onde o hipotálamo e o córtex cerebral tem um papel mais importante.

           Durante a noite o indivíduo atravessa vários estágios do sono, podendo ir do estágio inicial com ondas alfa e tetas até um sono mais profundo, com ondas deltas vistas em eletroencefalograma durante o sono. Nesse período o indivíduo não sabe o que está fazendo, de forma que ao acordar não se recorda de nada, pois inconsciente fica em repouso. As crises costumam ocorrer na primeira metade da noite, na primeira das seis passagens de um sono profundo para um mais superficial, em uma fase do sono conhecida como Movimento Rápido do Olho (REM, em inglês), podendo durar de instantes a 40 minutos. Nesta fase, as funções motoras despertam, mas a consciência continua a dormir.

            Mesmo não estando acordada de verdade, a pessoa pode começar a andar e a falar. Normalmente, passa a se mexer durante o sono, senta-se na cama, levanta-se e sai andando, ainda dormindo. As crises podem ser acompanhadas também de gritos, violência a familiares e riscos de acidentes, embora as variações mais comuns sejam a perambulação e prática de movimentos repetitivos. É necessário o cuidado para prevenção de acidentes com o sonâmbulo, principalmente devido a sua percepção parcial do ambiente. Sem o consentimento do cérebro, o indivíduo não faz nada muito complexo, mas é capaz de abrir portas e janelas, por exemplo. Isto é, o sonâmbulo se movimenta, mas não sabe o que está acontecendo.



   

            A duração do estado sonâmbulo é variável, desde poucos segundos até vários minutos e pode ainda terminar de forma espontânea ou interrompida, quando alguém acorda o sonâmbulo.

            O Sonambulismo ocorre em aproximadamente 20% das crianças de 3 a 10 anos, em média de uma vez por ano, e depois tende a desaparecer sem deixar vestígios. É provocado por uma arritmia cerebral e tende a ocorrer em membros da mesma família. O percentual de incidência de sonambulismo infantil aumenta em 45% se um dos pais já foi sonâmbulo, e em 60% caso ambos os pais já tenham tido sonambulismo.


  

             Quando o sonambulismo se manifesta na fase adulta ou após os 14 anos, o distúrbio se caracteriza como patológico, podendo ser desencadeado por fatores clínicos ou psíquicos, febre, privação de sono ou uso de alguns medicamentos.

             A incidência de distúrbios como o sonambulismo na vida adulta são relacionados, em sua maioria, a fatores externos como o estresse e preocupações. Mas quando os casos tornam-se repetitivos é necessária uma análise psicológica pela possibilidade de relação com fatores comportamentais psíquicos. Outros distúrbios, além das tensões, podem desencadear o quadro de sonambulismo. Apnéia do sono (respiração fraca durante o sono), refluxos gastresofagianos, esquizofrenia, dores de cabeça noturnas, além de variações de epilepsia, podem conduzir ao sonambulismo.

             O tratamento pode ser feito com um neurologista, a base de remédios que provoquem relaxamento durante o sono, como calmantes. Em alguns casos refratários ou que envolvem perigo ao paciente pode ser usado medicamentos antidepressivos. Em caso de fatores psicológicos serem o desencadeador do distúrbio, um acompanhamento psicoterapêutico se faz necessário. O tratamento começa a partir da prevenção com a chamada “higienização do sono”, que consiste nos seguintes cuidados:
1.Evitar dormir pouco, estabelecer horários fixos para dormir/acordar e fugir do estresse.
2.Manter o quarto arejado durante o dia, escuro à noite, sem umidade, sem ruído excessivo e limpo.
3. Evitar bebidas alcoólicas e cafeinadas.
4. Evitar luz intensa à noite, pois estimula o alerta e afasta o sono. Entretanto a exposição à luz da manhã pode ajudar a regular o início do sono à noite.
5. Fazer refeições leves (não vá dormir com fome ou após ter comido muito).
6. Praticar exercícios físicos diariamente, mas evite-os perto da hora de dormir.
7. Não cochilar durante o dia (exceto pessoas idosas que podem ser aconselhadas a ter um cochilo à tarde).
8. Evitar atividades como TV, internet e leitura antes de dormir, pois elas estimulam o alerta.
9. Evitar banhos quentes, mas banhos mornos podem ajudar.
10. Evitar ler, assistir TV e comer na cama. Use-a essencialm


       
             Se uma rotina de sono adequada e uma boa qualidade de vida não resolverem a questão e o paciente estiver sentindo seu dia a dia ser muito prejudicado por causa do distúrbio, um tratamento terapêutico medicamentoso pode ser adotado.

             Para o sonambulismo infantil, normalmente não são recomendáveis tratamentos à base de medicamentos. O ideal é que os pais tomem cuidado com a criança e com o ambiente em que ela pode circular durante a noite para garantir sua segurança, pois é uma fase em que a criança vive e passa rapidamente.
             Ao presenciar uma crise de sonambulismo, a primeira atitude que deve ser tomada, como sempre, é manter a calma. Em seguida, tente conduzir o indivíduo de volta para a cama, para que ele durma tranquilamente novamente. Tente não acordar o sonâmbulo, mas se isso acontecer durante a tentativa de levá-lo para o quarto, não se desespere. É mito a história de que pode morrer quem anda dormindo e é acordado. O máximo que pode acontecer é a pessoa ficar um pouco agitada e irritada, já que não vai entender imediatamente o que está acontecendo.


Dr. Aramis Pedro Teixeira - Neurocirurgião
Ine - Instituto de Neurocirurgia Evoluir
(45) 3025-3585 / (45) 3029-3460 - Foz do Iguaçu

Um comentário:

  1. No caso de estar com muita dor de cabeça a noite, como se explica o fato da pessoa enviar uma mensagem por celular pensando na pessoa e ao inves de escrever algo corriqueiro escreve algo mais intimo? Isso é de fundo subconsciente? A pessoa escreveu o que realmente pensa mas não tinha coragem de dizer?
    Obrigada

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